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Analize bem seus galos

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ANALISE BEM OS SEUS GALOS
(Francisco Elias)

Tenho ouvido muito galista afirmar que este ou aquele galo, cruzado com galinhas da sua maior confiança lhe proporcionará uma prole de autênticos campeões. Seria bom e muito fácil se fosse assim. Todavia, a convicção no resultado desses acasalamentos e o otimismo do criador nem sempre correspondem ao esperado.
Tenho conhecimento de muita queixa de criadores que adquiriram animais excepcionais, às vezes por altas somas e que não corresponderam às expectativas. No último torneio do Clube Prive, no Rio de Janeiro, ouvi várias conversas nesse sentido e a citação de alguns galos que desapontaram as auspiciosas convicções de seus criadores.
Em princípio, temos que concordar que em nossos propósitos de cruzas, devemos sempre acasalar os melhores reprodutores. Mas, acontece que com natural otimismo, apenas nos concentramos nas performances dos reprodutores, macho ou fêmea, focalizando-os sob uma ótica individual. Desprezamos sua bagagem genética, o mais importante, aliás, para definir boas e más qualidades. O próprio galista ironiza o assunto e tem sua filosofia nesse particular quando diz que se galo bom só desse filho bom, não haveria galo ruim.
Quando analisarmos um galo, nada nos deverá passar despercebido, uma vez que certos pontos negativos podem nos confundir na avaliação. De início, dois vetores são importantes: o estado físico do animal e sua capacidade combativa, isto é, método de briga, espora, força, rapidez etc. A boa origem do animal, sem dúvida, facilita nosso trabalho. O lastro da bagagem genética é de grande importância, pois o conhecimento dos pais, avós e bisavós, trazem-nos maior confiança para analisar mais detalhadamente nossos pupilos.Conhecendo as qualidades e defeitos dos ascendentes, ficamos quase que absolutos para determinar qual deles merece ser sacrificado ou conservado e, a estes, a atenção deve ser redobrada par não cometermos equívocos.
Muitos galos que se mostraram vitoriosos por várias vezes nos rinhadeiros, não aprovaram como reprodutores. Faltou-lhes a procedência ou a ausência de poder de transmissão, se é que eles eram reconhecidamente de alta qualidade.
Os galos reprodutores devem ser escolhidos muito criteriosamente e muitas vezes o tempo é que nos dirá se devem ou não continuar nos acasalamentos. As galinhas merecem a mesma atenção. Muitas vezes, um galo cruzado com determinada galinha nos proporciona frangos muitos bons. Todavia, acasalado com outras não chega ao mesmo resultado. Isto acontece devido ter havido no primeiro caso uma afinidade de genes, o eu não ocorreu no segundo. É claro que lidando com animais excessivamente cruzados, o resultado será sempre um desafio. Hoje, já se admite uma maior influência da galinha na descendência da prole. Isto, devido às mitocôndrias, um elemento encontrado dentro das células que somente às galinhas é dado transmitir. No caso das galinhas, tanto os filhos como as filhas herdam as mitocôndrias, mas somente as filhas têm a faculdade de passá-las para sua progênie. Isto o afirma o geneticista Dr. Donald P. Hollis, professor Ph,D. de química biológica e antigo galista norte americano em seu livro A Cocker’s World. De qualquer forma, isto não invalida a importante influência do galo na formação dos descendentes. Apenas, segundo o Dr. Donald Hollis, a galinha tem maior destaque na transmissão da força, pontaria, resistência, rapidez e boa visão como maior reforço na formação da descendência.
Na parte física, o arcabouço ósseo é de muita importância. Quando as aves são criadas em liberdade, com bastante sol e bom arraçoamento, os ossos ficam muito bem calcificados e menos propensos a fraturas, principalmente nas asas. Os músculos também usufruem dessa benesse, o que torna a ave mais rústica e vigorosa.
Costumam dizer os entendidos, que o bom galo é o que dá de espora. Tudo certo! Mas, há também o método de briga e outras particularidades que devem se complementar, pois já tenho visto galo bom de espora perder a luta devido seu antagonista não lhe dar chance de golpear na posição em que desejava. Essa qualidade era sua melhor arma, mas o adversário conseguiu anulá-la.
Uma coisa é certa, as performances de um galo estão sempre na dependência da desenvoltura do seu adversário no decorrer da luta. São poucos os que fogem esta regra. Um galo de boa origem, criado sob normas racionais, bem alimentado e bem nutrido, jamais nos decepcionará. O galista inteligente e cônscio do seu trabalho deverá seguir uma norma rígida, prática e objetiva, não se deixando influenciar pelos chamados “entendidos” dos quais já nos acostumamos a ouvir conceitos os mais absurdos.
Ao classificar, pois, os seus galos, devem ser considerados todas essas coisas. Somando o que se observa nas escorvas já se pode concluir o que eles nos reservam tanto pelo lado genético como pelas suas performances.
O certo é que ninguém poderá afirmar com segurança o que um indivíduo será antes de testá-lo algumas vezes com parelhas diferentes, mas sim o que ele poderá ser, mesmo fixado na procura do melhor em todos os sentidos.

Abraços e até a próxima!