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Genética (Gilson Bráulio - Dotoso)

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Genética dos combatentes (msg postada em 21/01/2006)

Estou republicando aqui este texto do amigo Gilson, pois achei muito importante a abordagem da maneira que foi exposta, espero que os Amigos gostem

Sou novo no marani e tenho nas duas últimas semanas lido e analisado as mensagens postadas pelos participantes, estava, por assim dizer, amolando o machado (referência ao Lemos, no bate-bola de 03/12/2006 se você tem oito horas para derrubar uma árvore, passe seis amolando o machado). Percebi no grupo, coesão e compromisso com suas causas. Fiquei impressionado com o nível de informação conseguido em algumas discussões, e por tudo isso o grupo está de parabéns, sinto orgulho de participar dele.

A finalidade de minha mensagem é contribuir para as discussões e debates já realizadas pelos participantes do Marani a respeito da genética dos nossos combatentes. Tenho consciência de ainda estar engatinhado no assunto, tenho limitações de método, técnica e recursos, mas tenho certeza que unidos, o nosso poder de análise dos resultados aumenta e todos nós saímos ganhado. Acredito ser a leis descobertas por Mendel, instrumento valioso na mão de quem deseja o melhoramento de suas aves. Devo agora fazer referência e reverências a Francisco Elias, pioneiro no assunto entre nós, infelizmente só consegui até agora um livro dele Galos de Brigas e Briga de Galos, livro muito antigo, escrito a mais de quarenta anos, a julgar pela referência no livro do tempo regulamentar de briga ser de duas horas e os galos não brigarem armados, brigavam nas esporas naturais, (não existe no livro data de edição). Ao longo desse tempo muitas coisas mudaram, modernizaram-se as brigas, as armas, o regulamento de combates e as técnicas de criação, mas Francisco Elias estava muito à frente de seu tempo na genética (pelo menos no nosso meio) e seu livro, neste ponto, continua atual até hoje.

Pois é, mas a ciência nunca é completa (e nem pretende ser, no dia que for, deixa de ser ciência), e compete a nós (que queremos o aprimoramento) correr atrás, buscar conhecimento e interpretar os resultados. Uma das vantagens do nosso tempo é a informação, temos o privilégio de poder nos unir, embora estando em regiões distintas do país e discutir com uma velocidade nunca vista na história, então, tiremos proveito disto.

A melhoria no índice de aproveitamento enfrenta dificuldades comuns no Brasil, e estas foram citadas em algumas discussões pelos participantes no Marani, Pierre em 29.12.2006 alerta para a necessidade da utilização da consangüinidade e menciona a dificuldade de padronização em nossas aves devido à mestiçagem. Rezende também em 29.12.2006 toca em outro ponto importante, a falta de técnica em nossos cruzamentos. Jair C em 30.12.2006 refere-se a Dudu (criador de Porto Alegre) que conseguiu com êxito a padronização utilizando-se da consangüinidade.

Mendel descobriu os mecanismos de transmissão de caracteres utilizando em suas pesquisas a ervilha (Pisum sativum), ele a escolheu justamente porque a ervilha se autofecundava, portanto, ele tinha certeza de sua pureza (homozigose), fazendo isso Mendel descobriu conceitos importantes como dominância e recessividade, cada característica de um indivíduo é determinada por um par de genes localizado num cromossomo, este par é herdado um do pai e um da mãe, só que essa herança não é feita de forma simples um gene de determinada característica domina sobre outro de igual característica (genes alelos), em outras palavras, um gene dominante se apresenta em estado de heterozigose, enquanto que um gene recessivo ele terá que ser herdado em dupla (um do pai e um da mãe), me parece que muitas qualidades combativas de nossos galos são recessivas, só se apresentando na homozigose, daí a importância da consangüinidade, pois as probabilidades dos genes recessivos se recombinarem aumenta. Outra dificuldade é a polialia, não existe em nossos mestiços uma ou duas formas de brigar, nem ou duas formas de atacar, nem uma ou duas formas de se defender, nem ou duas coloração de penas, mas a variação é grande em todos estes aspectos, como descobrir que genes dominam sobre quem?

Com certeza a padronização em raças puras se dá devido a homozigose (tanto de genes dominantes, quanto de recessivos), o que lhes imprime uma menor variação e maior transmissão de características, já nos mestiços é quase um caos, dependendo dos critérios utilizados pelo criador, verifica-se, num mesmo ninho, as mais diversas variações, de cor, peso, estatura, método de briga, espora, etc.

Outro problema de muita importância é a seleção da galinha, também tratado pelo Marani, as conclusões nas discussões corroboram a teoria mendeliana, semelhança gera semelhança, portanto galinhas além de ter boa procedência, terem pais, tios e irmãos aprovados na cancha, tem de ter característica semelhantes ao seu par reprodutor, isto aumentaria as probalibidades da homozigose. Acredito que nossa dificuldade de tirar o galo craque, tiro, é justamente por ele ser resultado de uma infinidade de combinações de genes, em que estão incidindo, heterozigose, homozigose, poliaelia, epistasia (fator em que uma característica e determinado não por um par, mas por uma combinação de genes) etc., mas acredito ainda que o conhecimento a respeito dos mecanismos da genética e a interpretação dos resultados a luz destes conceitos sejam o caminho para um melhoria do índice de aproveitamento de nossas crias.

O imediatismo também é um problema em nosso meio, sempre queremos que o resultado apareça logo, e com certeza o caminho não é esse, cruzamentos exigem técnica, conhecimento , perspicácia, tempo, e muita dedicação.

Tanta coisa já foi dita e debatida pelo grupo, que obriga alguém que queira falar algo, a dar um salto qualitativo, mas acredito que o assunto não está esgotado (e nem podemos ter a pretensão disso), mas o desafio é manter aceso o debate trazendo coisas novas tanto do ponto de vista empírico, quanto científico. Se cada um puder analisar, debater, informar (inclusive com a indicação de bibliografias), a respeito do que foi tratado aqui, pode ser o caminho para que todos cresçamos.

Não sou veterinário, nem biólogo, nem zootécnico. Sou um maluco apaixonado por galos de briga.

Vi artigos interessantes, a respeito da genética dos nossos combatentes nos sites do Sr Teobaldo Kern criatorioteobaldokern , também no do Sr. Ricardo Pedraglio Galos Pedraglio Farm .

Saudações galísticas.

Gílson Bráulio Pessoa Santiago – Jaboatão-PE.
gilsonbraulio@hotmail.com

Deixem Comentários para este belo artigo do nosso amigo Gilson

3 comentários:

  1. Anônimo8/4/07

    Parabéns Pelo Blog, Gostei Bastante!

    Zé Renato, PB

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  2. Di disse..

    Acredito que o caminho para a melhoria de qualquer criação seja exatamente este, dedicação, trabalho e acima de tudo ter á vontade a cada temporada demonstrar o resultado das qualificações citadas acima.
    Criadores e galistas não deixem a chama apagar, sejam como essas aves que tanto admiramos, lutadores e perseverantes.
    Esta e minha mensagem.

    Di, RJ

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  3. Como vc disse somos loucos por esses animais..parabéns.

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